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sexta-feira, 7 de novembro de 2014

A Prática da Caridade, segundo a Doutrina Espírita

 

A Prática da Caridade, segundo a Doutrina Espírita.

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Falarmos de caridade e instituirmos conceitos sobre a melhor forma dos Centros Espíritas procederem é altamente perigoso, apesar de extremamente fácil constatarmos onde está à maneira certa de nossas casas religiosas procederem e mesmo cada um de nós, individualmente. Procuremos, simplesmente, na fonte nunca ultrapassável do Espiritismo que se encontra nas obras básicas desta doutrina maravilhosa. Deixemos de lado todas as novas concepções que não encontram respaldo nas orientações deixadas por Allan Kardec.

O Espiritismo no Brasil e no mundo encontra-se atualmente, mais do que no passado, sendo combatido. Afinal, a Doutrina Espírita é a grande ferramenta, na Terra, libertadora de todos nós. Portanto, naturalmente é ela e todos aqueles que procuram serem servidores seus alvos de ataques sutilmente elaborados. Quanto mais espíritos encarnados a espiritualidade inferior conseguir impedir que consigam a aprovação necessária para passar para a fase do mundo de regeneração que é o próximo passo que a Terra passará. Mais felizes eles ficarão.

Há um forte movimento que julga ultrapassada e até mesmo inadequada à prática do Espiritismo contemporâneo, a existência nos Centros Espíritas das ações filantrópicas. Primeiro, devemos nos perguntar: que história é essa de Espiritismo contemporâneo? Baseados em que estes que pregam reformas se baseiam?  A caso o próprio Kardec ou outro respeitável através de algum órgão espírita credível veio dizer que de agora em diante o que está escrito no Evangelho Segundo o Espiritismo ou em outras obras estão doravante ultrapassados?

Amigos espíritas, tomemos cuidado e todas as vezes que algum assunto vier até nós, procuremos nas obras básicas do Espiritismo se encontra respaldo nelas. Se isto não ocorrer é melhor que estas novas ideias sejam imediatamente ignoradas.

Sigamos a Doutrina Espírita e nenhum mal nos acontecerá!

 

Equipe da Revista Espírita Dr. Bezerra de Menezes

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Capítulo XIII – NÃO SAIBA A VOSSA MÃO ESQUERDA  O QUE DÊ A VOSSA MÃO DIREITA.

(Pg. 188 – O Evangelho Segundo o Espiritismo)

13. Chamo-me Caridade; sigo o caminho principal que conduz a Deus. Acompanhai-me, pois conheço a meta a que deveis todos visar.

Dei esta manhã o meu giro habitual e, com o coração amargurado, venho dizer-vos: “Ó meus amigos, que de misérias, que de lágrimas, quanto tendes de fazer para secá-las todas!” Em vão, procurei consolar algumas pobres mães, dizendo-lhes ao ouvido: “Coragem! há corações bons que velam por vós; não sereis abandonadas; paciência! Deus lá está; sois dele amadas, sois suas eleitas.” Elas pareciam ouvir-me e volviam para o meu lado os olhos arregalados de espanto; eu lhes lia no semblante que seus corpos, tiranos do Espírito, tinham fome e que, se é certo que minhas palavras lhes serenavam um pouco os corações, não lhes reconfortavam os estômagos.

Repetia-lhes: “Coragem! Coragem!” Então, uma pobre mãe, ainda muito moça, que amamentava uma criancinha, tomou-a nos braços e a estendeu no espaço vazio, como a pedir-me que protegesse aquele entezinho que só encontrava, num seio estéril, insuficiente alimentação.

Alhures vi, meus amigos, pobres velhos sem trabalho e, em consequência, sem abrigo, presas de todos os sofrimentos da penúria e, envergonhados de sua miséria, sem ousarem, eles que nunca mendigaram, implorar a piedade dos transeuntes. Com o coração túmido de compaixão, eu, que nada tenho, me fiz mendiga para eles e vou, por toda parte, estimular a beneficência, inspirar bons pensamentos aos corações generosos e compassivos. Por isso é que aqui venho, meus amigos, e vos digo: “Há por aí desgraçados, em cujas choupanas falta o pão, os fogões se acham sem lume e os leitos sem cobertas. Não vos digo o que deveis fazer; deixo aos vossos bons corações a iniciativa. Se eu vos ditasse o proceder, nenhum mérito vos traria a vossa boa ação. Digo-vos apenas: “Sou a caridade

e vos estendo as mãos pelos vossos irmãos que sofrem.”

Mas, se peço, também dou e dou muito. Convido-vos para um grande banquete e forneço a árvore onde todos vos saciareis! Vede quanto

é bela, como está carregada de flores e de frutos! Ide, ide, colhei, apanhai todos os frutos dessa magnificente árvore que se chama a beneficência.

No lugar dos ramos que lhe tirardes, atarei todas as boas ações que praticardes e levarei a árvore a Deus, que a carregará de novo, porquanto a beneficência é inexaurível. Acompanhai-me, pois, meus amigos, a fim de que eu vos conte entre os que se arrolam sob a minha bandeira. Nada temais; eu vos conduzirei pelo caminho da salvação, porque sou — a Caridade. – Cárita, martirizada em Roma. (Lyon, 1861.)

14. Várias maneiras há de fazer-se a caridade, que muitos dentre vós

confundem com a esmola. Diferença grande vai, no entanto, de uma para outra. A esmola, meus amigos, é algumas vezes útil, porque dá alívio aos pobres; mas é quase sempre humilhante, tanto para o que a dá, como para o que a recebe. A caridade, ao contrário, liga o benfeitor ao beneficiado e se disfarça de tantos modos! Pode-se ser caridoso, mesmo com os parentes e com os amigos, sendo uns indulgentes para com os outros, perdoando-se mutuamente as fraquezas, cuidando não ferir o amor-próprio de ninguém.

Vós, espíritas, podeis sê-lo na vossa maneira de proceder para com os que não pensam como vós, induzindo os menos esclarecidos a crer, mas sem os chocar, sem investir contra as suas convicções e sim atraindo-os amavelmente às nossas reuniões, onde poderão ouvir-nos e onde saberemos descobrir nos seus corações a brecha para neles penetrarmos. Eis aí um dos aspectos da caridade.

Escutai agora o que é a caridade para com os pobres, os deserdados

deste mundo, mas recompensados de Deus, se aceitam sem queixumes as suas misérias, o que de vós depende. Far-me-ei compreender por um exemplo.

Vejo, várias vezes, cada semana, uma reunião de senhoras, havendo-

As de todas as idades. Para nós, como sabeis, são todas irmãs. Que fazem? Trabalham depressa, muito depressa; têm ágeis os dedos. Vede como trazem alegres os semblantes e como lhes batem em uníssono os corações. Mas com que fim trabalham? É que veem aproximar-se o inverno que será rude para os lares pobres. As formigas não puderam juntar durante o estio as provisões necessárias e a maior parte de suas utilidades está empenhada. As pobres mães se inquietam e choram, pensando nos filhinhos que, durante a estação invernosa, sentirão frio e fome! Tende paciência, infortunadas mulheres.

Deus inspirou a outras mais aquinhoadas do que vós; elas se reuniram e estão confeccionando roupinhas; depois, um destes dias, quando a Terra se achar coberta de neve e vós vos lamentardes, dizendo: “Deus não é justo”, que é o que vos sai dos lábios sempre que sofreis, vereis surgir um dos filhos dessas boas trabalhadoras que se constituíram obreiras dos pobres, pois que é para vós que elas trabalham assim, e os vossos lamentos se mudarão em bênçãos, dado que no coração dos infelizes o amor acompanha de bem perto o ódio.

Como essas trabalhadoras precisam de encorajamento, vejo chegarem-lhes de todos os lados as comunicações dos bons Espíritos. Os homens que fazem parte dessa sociedade lhes trazem também seu concurso, fazendo-lhes uma dessas leituras que agradam tanto. E nós, para recompensarmos o zelo de todos e de cada um em particular, prometemos às laboriosas obreiras boa clientela, que lhes pagará à vista, em bênçãos, única moeda que tem curso no Céu, garantindo-lhes, além disso, sem receio de errar,

que essa moeda não lhes faltará. – Cárita. (Lyon, 1861.)

 

(Pg. 183 – O Evangelho Segundo o Espiritismo)

Instruções dos Espíritos

 

A caridade material e a caridade moral

 

9. “Amemo-nos uns aos outros e façamos aos outros o que quereríamos nos fizessem eles.” Toda a religião, toda a moral se acham encerradas nestes dois preceitos. Se fossem observados nesse mundo, todos seríeis felizes: não mais aí ódios, nem ressentimentos. Direi ainda: não mais pobreza, porquanto, do supérfluo da mesa de cada rico, muitos pobres se alimentariam e não mais veríeis, nos quarteirões sombrios onde habitei durante a minha última encarnação, pobres mulheres arrastando consigo miseráveis crianças a quem tudo faltava.

Ricos! pensai nisto um pouco. Auxiliai os infelizes o melhor que puderdes.

Dai, para que Deus, um dia, vos retribua o bem que houverdes feito, para que tenhais, ao sairdes do vosso invólucro terreno, um cortejo de Espíritos agradecidos, a receber-vos no limiar de um mundo mais ditoso.

Se pudésseis saber da alegria que experimentei ao encontrar no Além

aqueles a quem, na minha última existência, me fora dado servir!...

Amai, portanto, o vosso próximo; amai-o como a vós mesmos, pois

já sabeis, agora, que, repelindo um desgraçado, estareis, quiçá, afastando de vós um irmão, um pai, um amigo vosso de outrora. Se assim for, de que desespero não vos sentireis presa, ao reconhecê-lo no mundo dos Espíritos!

Desejo compreendais bem o que seja a caridade moral, que todos podem praticar, que nada custa, materialmente falando, porém, que é a mais difícil de exercer-se.

A caridade moral consiste em se suportarem umas às outras as criaturas e é o que menos fazeis nesse mundo inferior, onde vos achais, por agora, encarnados. Grande mérito há, crede-me, em um homem saber calar-se, deixando fale outro mais tolo do que ele. É um gênero de caridade isso.

Saber ser surdo quando uma palavra zombeteira se escapa de uma boca habituada a escarnecer; não ver o sorriso de desdém com que vos recebem pessoas que, muitas vezes erradamente, se supõem acima de vós, quando na vida espírita, a única real, estão, não raro, muito abaixo, constitui merecimento, não do ponto de vista da humildade, mas do da caridade, porquanto não dar atenção ao mau proceder de outrem é caridade moral.

Essa caridade, no entanto, não deve obstar à outra. Tende, porém, cuidado, principalmente em não tratar com desprezo o vosso semelhante.

Lembrai-vos de tudo o que já vos tenho dito: Tende presente sempre que, repelindo um pobre, talvez repilais um Espírito que vos foi caro e que, no momento, se encontra em posição inferior à vossa. Encontrei aqui um dos pobres da Terra, a quem, por felicidade, eu pudera auxiliar algumas vezes, e ao qual, a meu turno, tenho agora de implorar auxílio.

Lembrai-vos de que Jesus disse que todos somos irmãos e pensai sempre nisso, antes de repelirdes o leproso ou o mendigo. Adeus: pensai nos que sofrem e orai. – Irmã Rosália. (Paris, 1860.)

 

 

Não saiba a vossa mão esquerda o que dê a vossa mão direita

 

(Pg. 191 – O Evangelho Segundo o Espiritismo)

 

16. A mulher rica, venturosa, que não precisa empregar o tempo nos trabalhos de sua casa, não poderá consagrar algumas horas a trabalhos úteis aos seus semelhantes? Compre, com o que lhe sobre dos prazeres, agasalhos para o desgraçado que tirita de frio; confeccione, com suas mãos delicadas, roupas grosseiras, mas quentes; auxilie uma mãe a cobrir o filho que vai nascer. Se por isso seu filho ficar com algumas rendas de menos, o do pobre terá mais com que se aqueça. Trabalhar para os pobres é trabalhar

na vinha do Senhor.